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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Salvo para quê?



A experiência de conversão da maioria nos leva ao mesmo ponto: há o reconhecimento de que se é pecador, a constatação (na maioria do tempo junto a uma grande emoção) de que Cristo se entregou para que tenhamos vida e a alegria e paz seguidamente ao ato de entrega. O padrão é básico e bíblico. Alguns sofrem muito antes desse momento, outros apenas reconhecem que precisam tomar tal decisão... O antes é pessoal e diferenciado, mas o momento da entrega pessoal segue passos praticamente padrões.

O grande diferencial está no depois. O que fazemos com tal decisão? Como no livro de Charles Colson, “Salvo para quê?”. Tal pergunta não é feita pela maioria das pessoas que se convertem ou pelos que estão envolvidos nessa nova vida, direta ou indiretamente.

A maioria das igrejas está empenhada fortemente na conversão de vidas, um grande e bíblico objetivo delas. A maioria dos cristãos crê que a igreja foi formada, a partir do texto bíblico, para o louvor e o serviço de evangelização. As igrejas estão lotadas de crentes dispostos a separar um pouco do seu tempo ao comparecimento dominical em cultos de louvor e exaltação ao Senhor Deus.

Mas poucos entendem a amplitude do serviço deixado por Deus às igrejas e, pessoalmente, aos crentes. Não podemos guardar a salvação para nós mesmos. Há uma responsabilidade muito ampla que poucos enxergam após a conversão: o compromisso de mudar seu mundo pessoal e ser influência na sociedade em que se vive.

Charles Colson trata do assunto em seu livro “O Cristão na Cultura de Hoje” de forma ampla e dá uma nova dimensão à responsabilidade do cristão de ser como o próprio Cristo.

O capítulo 2, sob o título “Salvo para quê?”, trata da tese de que há uma missão cultural criada por Deus para a humanidade e que ela foi afetada pelo pecado introduzido pelo homem.

Em seu exemplo, Colson retrata a vida e conversão de Danny Croce que não só transformou sua própria vida, mas resolveu modificar o mundo à sua volta. Danny entendeu que sua conversão, sua mudança radical de vida não valia para nada se ficasse somente para ele. Ele entendeu que havia uma missão que precisaria cumprir para ser um crente pleno.

Seu foco de visão não se voltou somente para si mesmo, ampliou-se na medida da visão do próprio Deus que o salvou.

A Bíblia retrata por toda sua extensão essa mensagem: não nos convertemos para nós mesmo, mas para servir nosso Senhor e Criador. A conversão é o início de um trabalho que se passa por toda a vida e termina quando estivermos junto ao Senhor Deus em gloria celeste.

Deixando o egoísmo de lado e ampliando a visão ao redor, percebemos que a sociedade onde vivemos está dia a dia se afastando do querer de Deus. Ampliando um pouco mais, percebemos que outras sociedades e culturas afastadas de nós, também estão torcendo tudo o que Deus planejou para o mundo em que vivemos. Com uma visão ainda maior, entendemos que somos instrumentos para reaproximar a sociedade daquilo que Deus preparou para o ser humano.

O reconhecimento de tal missão é demorado e depende do amadurecimento espiritual que precisamos buscar após a conversão. Chegar o mais próximo da imagem de Cristo é cumprir o propósito de Deus para o ser humano: influenciar e mudar o mundo, levando-o aos pés de Cristo.

O amadurecimento espiritual que precisamos buscar diariamente é uma batalha diária a ser vencida pela promessa de Jesus de que no mundo teríamos aflições, mas que já estavam vencidas por Ele mesmo.

Colson expõe sobre o grande campo de batalha em que vivemos, sobre as lutas de todos os dias. Lutas essas que já foram vencidas por Cristo por sua ressurreição.

A Bíblia relata toda a história dessa vitória. Iniciada como uma história sem grandiosidade alguma – um homem pobre, de família singela, considerado como criminoso, que foi morto mas que ressuscitou dos mortos – é a história de mudança de toda uma sociedade.

Muitos seguidores cristãos entregaram suas horas, seus dias, sua vida para que a mensagem de mudança de vida se propagasse e chegasse até nós hoje. Muitos ainda hoje entendem que essa mensagem de vida não pode servir apenas para que um dia gozemos as delícias do prometido céu.

Nos dias atuais, uma cultura em particular tem estado em evidência mais do que em outras épocas: o hinduísmo. Mais do que somente cultura, o hinduísmo tem dirigido a vida de milhões de pessoas, afastando-as cada vez mais do propósito de Deus. Suas crenças, seus ritos, seus costumes, como o de que as viúvas precisam morrer queimadas junto ao corpo de seu marido, ofendem diretamente ao Deus que criou o ser humano livre e feliz para servi-lO.

Como aceitar algo tão bizarro e claramente ofensivo ao Senhor Deus? As culturas criadas pelo homem com a influência direta de Satanás têm destruído milhares de vidas. A vida do cristão precisa ser chave de mudança onde Deus não está sendo exaltado.

As tribos indígenas brasileiras que enterram vivos os bebês que nascem com alguma deficiência física ou mental. As tribos urbanas que espancam ou matam pessoas somente por prazer ou porque não pensam como eles pensam. Que cultura é essa tão longe do propósito de Deus para as pessoas?

Somente lamentar balançando a cabeça, chorar dizendo que tudo é um absurdo, não corresponde ao plano de Deus para seus filhos. O Novo Testamento mostra a clara responsabilidade de todos nós para com a mudança de toda a sociedade e cultura.

No livro de 1 Coríntios, encontramos Paulo escrevendo a uma igreja que estava se deixando influenciar por falsos mestres que levavam a cultura de um evangelho não pregado por Jesus. Ele ainda relata sobre um grupo de novos crentes que, mesmo sendo muito pobres, imploravam em contribuir para que a mensagem do evangelho se propagasse e mudasse a vida de milhares de pessoas outros países. Além de contribuírem com o que não tinham, deram de si mesmos ao trabalho de mudar vidas.

“É assim que o cristianismo deve funcionar na sociedade – não apenas como uma fé particular, mas como uma força criativa na cultura. A vida de fé interior deve modelar as nossas ações no mundo.” (Colson, p. 48). Do que adianta uma fé egoísta, somente voltada para si mesmo, que não mude o mundo ao redor?

Em Romanos 12.1,2, o autor se preocupa em alertar os leitores para o perigo do cristão se deixar tomar a forma do mundo. O processo de modelagem que o mundo exerce sobre qualquer ser humano é progressivo, suave, sutil. Se o cristão não estiver firmado na Rocha, Cristo, acaba por ser modificado pelo mundo. O que seria um absurdo para o crente, logo se torna algo “aceitável” ou “desculpável”. Ao contrário desse fato, a fé interior precisa ser instrumento de mudança exterior. Mudança na própria vida e ao seu redor.

“Em cada escolha e decisão que fazemos, ajudamos a superar as forças do barbarismo” (Colson, p.48). Cabe ao cristão decidir consentir ou não com as forças que movem as sociedades e culturas. Cabe ao seguidor de Cristo, fazer diferença na sua família, no seu trabalho, na sua vizinhança, ao seu redor. Para quê? Para que o mundo creia que Jesus é o Cristo (João 17.20-23).

Diane Portugal Scarabelli Monteiro

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